Impacto socioeconômico da pandemia de Covid-19 em Olinda

A imagem acima informa que no bairro de Ouro Preto temos o registro de 50 óbitos em 8 meses de pandemia. Os casos confirmados são 680. O que representa uma taxa de infecção de 2163,56 casos para cada 100 mil habitantes. Como o total de habitantes de Ouro Preto é de 30.644 (censo de 2010), então podemos dizer que a cada 10 mil habitantes, temos uma taxa de 216,35 pessoas contaminadas circulando pelo bairro.

Agora eu te pergunto: qual foi a última vez que a Prefeitura de Olinda agiu contra a Covid-19 no bairro de Ouro Preto?

A resposta é: dia 28 de abril. Pouco mais de um mês depois de o início da pandemia em Olinda.

Mas você sabia que depois de abril, somente em três decretos de crédito (92, 07 e 107) extraordinário de enfrentamento à pandemia de Covid-19, foram gastos R$ 6.681.438,28, Isso mesmo, são quase sete milhões de reias.

Qual o problema com esse tipo de gestão política? Simples: a Prefeitura está pagando os custos de Saúde e não está trabalhando com a prevenção. É assim que funciona em Olinda: a Covid-19 se torna uma doença endêmica ao município e os gastos anuais com ela abrem um rombo nas contas públicas. Eis um impacto socioeconômico da pandemia de Covid-19 em Olinda.

Pra você ter uma ideia, as despesas de Olinda para o ano de 2018 foram de 612.190.499,11 (Fonte: BDE). Ou seja, são mais R$ 6.681.438,28, pelo menos, devido à pandemia de Covid-19.

Como eu disse anteriormente, a Covid-19 é uma doença mais “social”, pois ela independe de certos fatores ambientais, como no caso das zoonoses (Dengue, Zika, Chikungunya) que se beneficiam do péssimo esgotamento sanitário da cidade (somente 56% do município possui esgotamento sanitário adequado (IBGE, 2010)). Ou seja: sim, as pessoas estão transmitindo Covid-19 umas para outras cotidianamente. Felizmente a número de óbitos, em Ouro Preto, não vem aumentando, continua em 50.

Os dados socioeconômicos ajudam a dimensionar os impactos da covid-19 no município como um todo; já a observação participante ajuda a enxergar como as pessoas estão lidando com a pandemia no bairro. A junção destes elementos retrata uma realidade em que a doença (covid-19) participa da “cultura” do município, na medida em que o conjunto de práticas de munícipes e das instituições públicas mantém uma relação de não prevenção da doença, mas sim de “remediamento” dos seus impactos.

Por último, perguntam-me sobre se eu acho que a doença vai passar em breve. Eu costumo ser “realista”: sem vacina ela não vai passar. E, possivelmente, mesmo com uma vacina, pode ser que tenhamos que conviver com essa nova doença anualmente, tal como vivemos com as zoonoses, neste caso, arboviroses (Zika, Dengue e Chikungunya).

Deixe um comentário

Design a site like this with WordPress.com
Iniciar